Dia desses percebi que
o processo de criar uma história é como uma gestação. A história
surge um dia na sua cabeça, concebida por algo que se viu, ouviu ou
sentiu. Às vezes, mesmo sem se perceber, como se ela fosse enviada
pelo Espírito Santo. Não importa como, sua mente já foi fecundada
e carrega agora um pequeno embrião literário.
Você pode dar atenção
ao feto, nutrindo-o com seus sonhos, perspectivas e lembranças,
querendo que ele cresça e se desenvolva. Ou pode escolher ignorá-lo,
tentar esquecê-lo, mas ele continua crescendo mesmo assim. Pode
acontecer até de ele atrofiar, desnutrido e pequenino, perdendo-se
no negrume do inconsciente, pobre história abortada, e você vai
levando seu dia-a-dia sem sequer lamentar sua morte.
Conforme a história
vai tomando forma, você querendo ou não, o peso dela vai aumentando
em sua cabeça e fica cada dia mais difícil carregá-la para onde
você for. Não importa o que você esteja fazendo, ela consome seus
pensamentos o tempo todo, tirando sua concentração, se remexendo e
chutando sem parar no seu cérebro.
Até que chega o
momento em que você não aguenta mais e resolve trazê-la à vida de
uma vez. O parto de uma história é suado. É a hora em que todo o
esforço deve ser investido na escolha das palavras, em sua colocação
nas frases, no uso dos recursos linguísticos. Transformar ideias em
símbolos exige ponderação, paciência, sabedoria, e é um trabalho
tão hercúleo quanto transformar energia em matéria.
Enfim, o rebento nasce!
Depois de toda dedicação e cuidado da gravidez, e do suor e
sangue para dar-lhe à luz, resta agora contemplar o filho amado,
enchendo-o de mimos, como todo pai/mãe coruja...
P.S.: Claro que milhões de pessoas antes e depois de mim podem falar sobre isso com muito mais propriedade. Longe de mim querer ser comparável a elas.
Fico triste ao lembrar da quantidade de abortos que já sofri... XD
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