sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Feliz equinócio!

"Teu xodó
É que nem noda de caju
Desde que abracei tu
Nunca mais quis me largar
"

Setembro traz mudanças que nós, tão entretidos com nossas vidinhas urbanas, não percebemos, ou não paramos para refletir a quê se devem. Mas, indiferentes à nossa ignorância, a Terra continua a girar e o Sol continua a arder, operando juntos milagres que se repetem a Eras, todos os dias, todos os anos. Milagres que embasbacariam nossa vã filosofia, se ao menos pudéssemos vê-los, soubéssemos contemplá-los. E mesmo assim, eles continuam (e continuarão) a acontecer.
Com Setembro vem a Primavera, e os ventos começam a cansar de usar toda a sua força, diminuindo o ritmo e recuperando o fôlego, para poder voltar a correr tresloucados em Junho. Aqui no Ceará, a Dama Primavera não traz uma cesta cheia de flores perfumadas, e sim cheia de algo muito mais, digamos, apetitoso... Nham, nham!
Os jambeiros abrem mão de seu tapete róseo, feito de suas próprias pétalas, para exibir orgulhosos galhos carregados e um chão cheio de manchas roxas. E nada tem mais gosto de infância do que se trepar num jambeiro, ou jogar o chinelo entre as folhas, na esperança de se deliciar com um jambo, docinho e fresquinho. E pra quem não enjoa fácil, pode se fartar com os sapotis, ou com seus sucos e vitaminas. (Ai, deu fome!)
Mas nada deixa a Dama Primavera tão realizada quanto encher o ar com um cheiro doce, forte, que lembra logo a sensação de perfurar com os dentes um pele fininha, sedosa, enfiar a língua numa carne macia e úmida que inunda a boca com um sumo divino. Lembra também sucos e doces, feitos em casa, deliciosos, além de castanhas, torradinhas e crocantes, de dar água na boca. Huuuuum...
É o momento auge de um dos maiores trunfos do Ceará, hora de mostrar toda sua vida e potencial. Momento que ele aprendeu, em milhões de anos, a sincronizar com a vinda da ZCIT lá do Norte, trazendo umidade, pouquinha, sim, mas o bastante para garantir a sobrevivência de seus filhos. Tanto é que o sertanejo fica todo contente quando vê Setembro trazendo a Chuva do Caju!

sábado, 3 de setembro de 2011

Frivolidade

Caramba, a Estante tá meio empoeirada, né? Faz tempo que não passo por aqui. Mas diferente da outra vez, isso não se deve a um período de dormência sentimental. Muito pelo contrário...
Os últimos meses têm sido de emoções intensas, capazes de me rasgar a alma e torturar a mente. Acontece que simplesmente não me senti capaz de traduzir essa intensidade toda em palavras. Qualquer esboço que eu formava na minha cabeça, tentando falar sobre o que se passava dentro de mim, soava tristemente tosco, infinitamente incapaz de refletir o que sentia. As frases não se encontravam, a mensagem não parecia fazer sentido. E, no fim, só me sobrava uma enorme raiva e frustração com a minha inépcia em me expressar.
Além disso, nunca mais tive a menor criatividade que fosse para escrever uma historinha qualquer. Mas tem uma história que escrevi no começo do ano, e me orgulho particularmente dela. Talvez a poste aqui nas próximas semanas, só por falta do que postar mesmo.
Tive um sonho bizarro hoje. Claro que bizarrice é uma característica inerente aos sonhos, mas chamo de bizarros aqueles que me deixam, de certa maneira, impressionado. Alguns me surpreendem pela complexidade da história (não sei vocês, mas todos os meus sonhos têm uma espécie de enredo), de fazer inveja aos filmes do Christopher Nolan, outros por serem realmente assustadores (embora eu classifique poucos como pesadelos). Tenho sonhos assim com uma certa frequencia, mas queria ter mais!
O começo do sonho se perdeu nas brumas da noite (é horrível quando isso acontece), mas em dado momento havia a presença muito forte de um certo tipo de mulher, que no meu mundo onírico pertencia ao folclore escandinavo (o.O'), capaz de conversar com os espíritos através das mãos. Lembro vagamente de interagir numa boa com a tal mulher. A lembrança vívida que tenho se deu logo depois. A voz do narrador do Câmera Record perguntava, enquanto se passavam perante a mim imagens pitorescas relacionadas ao que ele falava: "É possível se comunicar com os espíritos através das mãos? O que acontece quando um espírito desce à Terra?"
E eu entendi, intuitivamente, que a figura mostrava um espírito fazendo a travessia entre os planos. E no exato instante em que ele a completava, eu senti algo tremendo em meu pescoço, próximo à nuca. Então eu acordei, sobressaltado! Coração fazia um barulho louco, a respiração toda desregulada. Pensei que pode ter sido um tremor muscular, ou só minha imaginação, mesmo. Pior seria se tivesse sido uma barata! Mas, eu logo me acalmei, tenho a qualidade de ser muito sangue frio e recuperar o auto-controle muito rápido. Independente disso, não consegui mais pegar no sono (acordei às 4:30).
É, esse foi um post muito chato mesmo, eu sei. Não falei sobre nada demais, mas senti que precisava escrever alguma coisa, mesmo umas frivolidades.

P.S.: Quem descobrir se existe no folclore escandinavo alguma referência a mulheres que falam com espíritos pelas mãos, ganha um carro 0 Km... Mentira, RÁ!!!