quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Citação do dia

"Pois existem objetos estranhos no grande abismo, e o explorador de sonhos tem de tomar cuidado para não agitar ou encontrar os errados."
Lovecraft

domingo, 26 de dezembro de 2010

A magia morreu


A magia morreu. Ainda não entendo como não morri junto. Muitos dos meus alegam que foram viver onde ela ainda existe, esquecendo para sempre este mundo; mas para mim isso é o mesmo que morrer, ou ainda pior...
Eu sempre achei que havia muitas coisas erradas no mundo, que ele deveria ser totalmente diferente em vários aspectos. Tinha consciência do quanto seria difícil mudá-lo, mas sempre achei que era possível.
Então, quando descobri que podia transformar a própria realidade, moldando sua essência como um artesão que pega a matéria bruta e com esforço e capricho, dá forma a seus maiores devaneios, achei que finalmente iria, de fato, poder construir um mundo melhor.

Mas, exatamente quando me conscientizei desse poder em minhas mãos, percebi também o quanto isso seria impossível. Realmente, é muito contraditório, mas extremamente simples de explicar; basta elucidar um simples fato: é quase impossível mudar o que não quer ser mudado.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Horror

Quando o horror é verdadeiro, puro e genuíno, você fecha os olhos para tentar não vê-lo.
Mas não adianta.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Feliz solstício

Apesar de achar que todas as datas comemorativas são carregadas de simbolismos que na prática são vazios, pois não lembramos dos valores que elas trazem durante o resto do ano, hoje é um dia que eu acho que deve ser, no mínimo, lembrado.
Nos solstícios e equinócios deveríamos lembrar como nossas vidas são completamente influenciadas pela natureza, que o planeta é nosso lar e nossas pequenas e efêmeras existências sobre ele obedecem a seus ciclos e devem se conformar a eles, e não eles ao nosso arbítrio. São ocasiões assim que deveríamos aproveitar para pensar, refletir e concluir como somos arrogantes e prepotentes ao achar que o planeta é NOSSO, quando na verdade nós é que somos dele. O dia de hoje é um forte exemplo disso.

O solstício de verão muda a vida em todos os cantos do planeta. Particularmente aqui no Ceará, ele significa o início da pré-estação chuvosa, promessa de vida para o forte sertanejo e de muitos problemas para boa parte da população fortalezense. Irônico que no campo, o homem, dado como ignorante e inculto, entenda melhor um dos conhecimentos mais básicos e fundamentais da humanidade, refinado há milhares de anos por nossos remotos antepassados e esquecido e embotado pelo urbanismo inconsequente. Não fosse assim, nossas cidades seriam planejadas para se conformar aos ciclos naturais, o que não acontece.
Curioso também que a Igreja Católica tenha determinado essa data para comemorar o nascimento de Cristo, visando evitar que os fiéis participassem dos Yule europeus (embora lá se comemore o solstício de inverno nessa época).

O solstício de verão também muda a minha vida, em particular, pois a partir dessa data eu costumo ficar um pouco mais feliz, principalmente em anos de La Niña como 2011 vai ser. Porque poucas coisas são tão agradáveis quanto acordar, olhar pela janela e ver aquele dia cinzento, molhado e friozinho até o horizonte; sair de casa e sentir as pequenas gotas bater em seu corpo, geladas e carinhosas, genuína bênção da natureza; e olhar para o rosto da pessoa que você ama, a água escorrendo pelos cabelos e faces, linda como em nenhum dia de sol ela consegue ser.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Crônica barata

Era apenas mais uma noite em que eu voltava para casa após a aula de inglês. Após muita espera, finalmente embarquei no coletivo numerado 151, querendo apenas, mesmo em pé, fazer uma viagem tranquila ao lar. Mas logo me apercebi de que tal desejo era por demais ousado, pois logo que as portas se cerraram atrás de mim notei que havia algo inquietante bem ali ao meu lado. Repousando quietinha no canto do degrau do ônibus, como se estivesse apenas fazendo uma viagem tranquila ao lar, encontrava-se um autêntico espécime de Periplaneta americana.
Como katsaridáfobo fervoroso que sou, meu primeiro impulso ao notar a presença da barata foi passar imediatamente pela catraca, dar sinal para descer logo no próximo ponto e aguardar o ônibus seguinte na esperança de que ele viesse menos carregado de insetos repugnantes. Mas encontrei ali, no fundo do ônibus, companhias agradáveis e decidi ficar por ali mesmo. A conversa me divertiu e ajudou a relaxar, muito embora, de quando em quando, desse uma leve espiada nas atividades do pequeno passageiro, que continuava lá, parecendo tirar um cochilo após um longo dia de trabalho. As outras pessoas a bordo, mesmo sabendo de sua presença, não pareceram se incomodar. Estavam cansadas demais, queriam chegar em casa e deviam estar pensando: “Que mal pode haver em uma barata pegar um ônibus? Podemos negar-lhe esse direito?”. Assim, o coletivo continuou célere seu trajeto pela Av. João Pessoa e todos, inclusive a barata, não pareciam ter com o que se preocupar. Até que algo inesperado aconteceu.

Em certa parada, o ônibus parou e as portas traseiras se abriram. Mas quando os novos passageiros se preparavam para subir a bordo, foram momentaneamente detidos pela surpresa. Sem qualquer aviso prévio, a barata rapidamente agitou suas asas e saltou para fora! A reação das pessoas variava do espanto à chacota.
- Caramba! A barata fez traseira!
- Gente, que absurdo!
- Safada!
De fato, a atitude desonesta do artrópode não era nem um pouco louvável. Até mesmo o cobrador fazia aquela cara de revolta que eles sempre fazem quando isso acontece. O ônibus retomou seu rumo e as pessoas retomaram o que antes ocupava suas mentes. Mas eu não consegui.

O ocorrido suscitou em mim ponderações acerca de quantos outros atos vilanescos já não haviam sido perpetrados mundo afora por aquele ser pérfido que desembarcara há pouco. Sim, pois a falta de ética que guia ao feito relatado pode muito bem conduzir a muitos outros. Já não haveria aquele passageiro feito a mesma coisa em outras conduções? Com certeza. Não poderia ele danificar e vandalizar equipamentos públicos, como praças ou muros? Possivelmente. Tráfico? Assassinato? Improvável, mas não impossível.
E pensar que nada foi feito contra ele quando se teve a chance, simplesmente porque parecia apenas ter tomado o ônibus rumo ao lar, e por tal motivo foi tratado como igual. Agora continua aí, correndo solto pelas ruas da cidade, sem qualquer rédea social ou moral.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Vitória épica

A despeito de todas as expectativas, hoje passei no exame de moto. A certeza da derrota, advinda da consciência de que até a ultima aula não aprendi o controle sobre o acelerador, foi sobrepujada por vários fatores.
Primeiro, a Mãe Natureza ajudou muito com muita chuva e nuvens densas, impedindo que o sol e calor atrapalhassem.
Quando sentia o coração rápido demais e a respiração descompassada, respirei profundamente (conselho indispensável, dado por alguém muito importante). Uma boa meditação também teve seu papel, ajudando a por ordem nos pensamentos caóticos. Pouco antes do exame, o alongamento relaxou os músculos. A primeira examinada, nervosa, caiu (CAIU MESMO) na rampa, e eu vi ali a imagem da minha tragédia.
Então fui chamado. Os pensamentos estavam em ordem, não esqueci de nada. O problema seriam os músculos, eu sabia que eles não me obedeceriam. Estava concentrado, nervoso, controlado, mas muito nervoso.
Mas é incrivel o controle que a adrenalina lhe dá sobre seus músculos. A cada obstáculo, eu sabia que podia errar ali, mas respirava fundo e concentrava minha mente, e meu corpo fez tudo que precisava.
E saí dali sem o peso de um mundo em minhas costas.